Novo curso propõe transformar o ensino de matemática

Novo curso propõe transformar o ensino de matemática

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01/10/2024

Lançamento da plataforma Escolas Conectadas, curso é on-line e gratuito e já está com inscrições abertas

Preparar uma receita de bolo. Planejar um deslocamento. Calcular o troco. Pensar se uma promoção vale a pena. Fazer um desenho artístico. Palpitar sobre o vencedor de um jogo. Economizar dinheiro.

O que todas essas ações têm em comum? A matemática. Em alguns momentos mais evidentes, em outros menos, o pensamento matemático está muito presente em nosso cotidiano e ele é fundamental para a vida no mundo contemporâneo. Porém, o ensino de matemática nas escolas ainda é cercado de muitos estigmas e estereótipos - tanto por parte dos estudantes quanto dos educadores.

Resultados recentes de exames como o Pisa, o Ideb e o Saeb reforçam o gargalo existente no ensino de matemática no Brasil. De acordo com o Saeb 2021, por exemplo, apenas 5% dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio da rede pública possuía aprendizado adequado em matemática. Já de acordo com o Pisa 2022, sete a cada dez estudantes brasileiros de 15 anos não aprenderam o mínimo esperado de matemática. Se há algo que é consenso entre os especialistas é que, nas escolas brasileiras, o ensino de matemática precisa ser transformado.

Buscando apoiar essa mudança, o curso “Transformando o ensino de Matemática” acaba de ser lançado na plataforma Escolas Conectadas. A formação pretende capacitar educadores para o ensino e aprendizagem de matemática de qualidade, por meio de práticas pedagógicas inovadoras. 

Desenvolver o pensamento matemático

Mas, afinal, o que é uma aprendizagem de matemática de qualidade? Antes de responder essa pergunta, a diretora de educação do Mathema, Cristiane Chica, retoma o papel fundamental da área do conhecimento na educação básica de qualquer estudante - e também em sua vida como um todo: “É com a matemática que abordaremos problemas do nosso cotidiano de modo sistematizado, pois é uma ciência que nos permite identificar padrões e informações para encontrar respostas eficazes a determinadas situações.” Há mais de 25 anos, o grupo Mathema desenvolve soluções para promover um ensino de matemática inovador e é o responsável pela produção do curso.

Segundo a especialista, para que o ensino de matemática seja de qualidade, é preciso apoiar o desenvolvimento do pensamento lógico, analítico e crítico, além das habilidades de resolução de problemas, possibilitando que todo estudante enxergue a matemática como algo muito maior do que somente números.

“Ela está presente o tempo inteiro na vida, e está ligada às habilidades que temos que desenvolver no século 21 para enfrentar os grandes desafios do mundo atual. A matemática é essencial para a cidadania, para viver em sociedade, para desenvolver uma forma de pensar. E, também, traz oportunidades profissionais melhores e mais bem remuneradas”, observa.

Fazer matemática ao invés de reproduzi-la

Com isso em mente, o curso tem a intenção de romper ideias e conceitos fortemente atrelados ao ensino de matemática. “O foco inicial é discutir qual matemática queremos: uma reprodutiva, só para alguns, que privilegia a velocidade em detrimento da profundidade; ou uma que coloca o aluno ativo, desafiando-se, discutindo sobre seus processos e jeitos de pensar, confrontando-se com as demais formas e jeitos de resolver situações”, reflete Cristiane.

Para que isso ocorra, é fundamental que as práticas pedagógicas sejam transformadas. “A matemática que chega aos estudantes ainda é muito dura, focada em decorar técnicas e procedimentos. Essa matemática não permite desenvolver o pensar, não permite fazer matemática, mas sim reproduzir matemática.”

A especialista faz uma provocação ao pontuar que, hoje, é valorizado o estudante que consegue responder aos problemas com rapidez e agilidade. “Porém, o desenvolvimento de um pensamento matemático não é imediato - pois se for assim ele nem é um problema, e a matemática é impulsionada pela resolução de problemas. Então, o professor precisa criar estratégias pedagógicas que coloquem o estudante nesse ciclo cognitivo.”

Estratégia mais coletiva

A formação apresenta algumas dessas estratégias impulsionadas pelo uso de tecnologias, como jogos digitais e a própria gestão da aula. “Se quero colocar o estudante no centro, com foco na resolução de problemas, a gestão dessa aula precisa ser diferente, com uma estratégia mais coletiva. E para isso, é importante trazer jogos e materiais manipulativos, como ábaco, geoplano (ambos disponíveis digitalmente), trazendo a tecnologia como uma força para o meu trabalho”, aponta a especialista.

A tecnologia também pode apoiar o trabalho dos educadores por meio do recolhimento de dados para acompanhar a aprendizagem. “Isso permite ao professor fazer melhores intervenções, ver o ritmo de cada aluno, planejar ações específicas.”

Por fim, Cristiane reforça a necessidade das escolas brasileiras apoiarem seus estudantes a desenvolverem o pensamento matemático. “Esse tipo de pensar vai ser importante para a vida de qualquer pessoa. Privar alguém de desenvolver esse pensamento é como tirar a chance de ter uma ferramenta poderosa para ter mais oportunidades, viver melhor e com mais criatividade no mundo.”

Inscrições abertas

As inscrições para o curso “Transformando o Ensino de Matemática” já estão abertas. Totalmente gratuita e on-line, a formação disponibilizará ainda certificação emitida pelo Centro Universitário Ítalo Brasileiro, reconhecido pelo MEC.

A formação tem carga horária de 10h.