
Censo Escolar mostra crescimento da formação continuada no Brasil
Plataforma Escolas Conectadas apoia os professores brasileiros a estarem atualizados diante das tendências da educação contemporânea
Em 2024, 98 mil educadores de todo o Brasil se inscreveram em um curso da plataforma Escolas Conectadas. Olhando para esse número como parte do cenário mais amplo da educação brasileira, é possível dizer que cada um desses educadores fez parte de uma estatística em crescimento, captada pelo Censo Escolar.
Se você é um desses educadores, conta pra gente nos comentários qual curso você fez em 2024!
Divulgados em abril, os dados revelados pelo levantamento mostram que, nos últimos cinco anos, houve um aumento no número de professores da educação básica que realizaram esse tipo de formação – de 39,9% em 2020 para 42,7% em 2024. Pode parecer pouco, mas levando em conta a grande quantidade de docentes no país (aproximadamente 2,5 milhões), esse crescimento é relevante.
Formação docente em crescimento
Um reflexo dessa realidade é sentido no Centro de Inovação da Educação Básica Paulista (CIEBP). Segundo o coordenador do espaço, Jefferson Heleno, as formações docentes – focadas em novas tecnologias, inovação e metodologias ativas – duplicaram de tamanho nos últimos anos.
“Muitos professores ainda têm dificuldade em relação à tecnologia, pois não foram formados para isso. De que forma trabalhar com a inteligência artificial, por exemplo, é uma preocupação constante hoje em dia”, observa. “Como estamos perto dos professores, sabemos quais são as suas dificuldades. Vejo um avanço grande: muitos não sabiam utilizar nem mouse ou teclado, e hoje eles estão adquirindo diversas competências digitais. Por isso, o número de docentes buscando formação está crescendo.”
Inaugurado em 2021, o CIEBP é um espaço dedicado tanto para professores como para estudantes e busca potencializar a criação de métodos, práticas e tecnologias para atender os desafios da educação pública no estado de São Paulo. Além da formação docente, o Centro também oferece atividades como trilhas formativas e mentorias.
Jefferson atua com formação docente em tecnologia desde 2012. “Na época não tinha nem computador direito, as salas de informática não comportavam os alunos. Mas eu já provocava: quando tivermos um computador por estudante, como será a sua aula? Vai continuar na lousa ou vai mudar?”
No ar desde 2015, o Escolas Conectadas faz parte do aumento de oferta de cursos gratuitos e on-line visto na última década. A plataforma é dedicada a professores que buscam maneiras de tornar o processo de ensino e aprendizagem mais significativos.
Esse foi o caso do professor Marcelo Moraes, da Escola Estadual André Antônio Maggi, localizada em Sapezal (MT), que teve a ideia de desenvolver uma pesquisa sobre hábitos de saúde e as preferências culturais dos estudantes da sua escola para ensinar matemática. Ele destaca que um dos elementos que ajudou a inovar na sua prática foi o curso “Metodologias Ativas: aprendizes protagonistas”, disponível na plataforma Escolas Conectadas. “A formação foi essencial para que eu adotasse uma abordagem mais dinâmica e protagonizada pelos estudantes, incentivando a aprendizagem ativa e a pesquisa”, afirma.
Já o professor Hailisson Ferreira, da Escola Municipal Governador Israel Pinheiro, em João Monlevade (MG), após fazer o curso “Introdução ao Pensamento Computacional”, passou a planejar atividades mais intencionais, propondo desafios reais e criando um currículo de robótica e tecnologia alinhado com as competências da BNCC. “O curso me apresentou conceitos que transformaram minha visão sobre ensino de tecnologia: abstração, decomposição, reconhecimento de padrões e algoritmos. Percebi que o pensamento computacional não era apenas algo técnico, ligado à programação, mas uma forma de pensar e resolver problemas — algo essencial para a vida dos nossos alunos.”, conta. “O curso [Introdução ao pensamento computacional] não apenas me deu ferramentas; ele me deu direção”, completa.
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Competências digitais docentes
Segundo nota técnica sobre o resultado do Censo Escolar, publicada pela Fundação Telefônica Vivo, é necessário reforçar a importância da qualificação de professores – sobretudo em relação às competências digitais. “Garantir que esses profissionais estejam preparados para utilizar a tecnologia de forma intencional e pedagógica é um passo decisivo para que ela se torne, de fato, uma aliada ao ensino e à aprendizagem”, diz o texto.
A nota menciona ainda o Autodiagnóstico de Saberes Digitais Docentes, lançado no ano passado pelo Ministério da Educação (MEC). A ferramenta evidencia a necessidade de se fortalecer a formação docente nessa esfera. Até abril, já eram mais de 70 mil respostas, e os resultados preliminares indicam que a média dos docentes se encontra nos dois primeiros níveis de apropriação tecnológica (em uma escala de 1 a 5, em que 5 corresponde ao patamar mais avançado). “Esse panorama reforça a importância de se ampliar as ações voltadas ao desenvolvimento das competências digitais dos professores”, afirma a Fundação.
Por meio de seus cursos gratuitos e on-line, a plataforma Escolas Conectadas apoia os professores brasileiros a estarem atualizados diante das tendências da educação contemporânea, principalmente diante de temas que envolvem o uso pedagógico da tecnologia. É o caso da série de cursos “Competências Digitais nas Áreas do Conhecimento da BNCC”, nos quais professores do Ensino Fundamental e Médio podem potencializar o aprendizado da sua turma com o uso estratégico da tecnologia; e também da “Trilha Caminhos Digitais para educadores e gestores”, que os ajuda a dominar a tecnologia e ser um líder em sua escola.
Infraestrutura e conectividade
O Censo Escolar 2024 também traz dados sobre a infraestrutura tecnológica nas escolas, mostrando uma tendência de crescimento do percentual da rede pública com acesso à internet, que passou de 88,5% em 2023 para 90% em 2024. “Contudo, é importante ressaltar que nem sempre a conexão reportada se traduz em acesso efetivo à internet e equipamentos pelos estudantes: muitas vezes esses recursos são destinados apenas ao uso administrativo da escola”, observa a nota técnica.
A Fundação Telefônica Vivo ressalta ainda que, embora seja positivo ver uma evolução dos resultados entre 2023 e 2024, preocupa a lentidão do avanço da conectividade nas escolas. “É importante reforçar que, em setembro de 2023, o MEC lançou a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, um investimento de R$ 8,8 bilhões para comprar equipamentos, treinar equipes de educadores e gestores, capacitando-os para o uso qualificado da tecnologia na educação, e prevendo que todas as escolas públicas brasileiras estejam conectadas à internet de qualidade até o final de 2026.”
10/06/25 21:35