Quais são os caminhos para a recomposição de aprendizagem na educação pública brasileira?
Confira soluções apresentadas no Fórum Reconstrução da Educação, realizado com o apoio da Fundação Telefônica Vivo
Ao longo da história, a educação pública brasileira foi marcada pela necessidade de recomposição de aprendizagem – demanda que se tornou ainda mais visível durante a retomada do ensino pós-pandemia. Ao ser analisado, esse cenário reflete a urgência do estabelecimento de uma cultura democrática nas escolas, do combate às desigualdades e do investimento na capacitação de professores.
Mas quais são as soluções práticas para tornar tudo isso uma realidade? No evento Reconstrução da Educação, realizado pelo Estadão, com apoio da Fundação Telefônica Vivo, gestores públicos e especialistas no assunto se reuniram para discutir essas necessidades e apontaram caminhos para acolher alunos e resolver buracos na aprendizagem. Confira algumas soluções apresentadas.
Escola em tempo integral
Como forma de ampliar a oferta de educação da creche ao Ensino Médio em todo o Brasil, no dia 12 de maio, o Ministério da Educação lançou o programa Escola em Tempo Integral. A ideia é que, até 2026, pelo menos três milhões de matrículas de ensino integral sejam feitas no país, número que equivale ao dobro de matrículas integrais existentes hoje.
Mas para que isso aconteça de fato, especialistas levam em conta a adaptação não só dos estudantes, como também das famílias e dos professores. Esse processo deve ser levado para o debate público com base no Plano Nacional de Educação (PNE) e envolver iniciativas de órgãos públicos e entidades do terceiro setor.
Como exemplo prático de sucesso na implementação do ensino integral, foi citado no evento o município de Sobral (CE). A partir da gestão escolar, formação continuada de professores e monitoramento de aprendizagem dos estudantes, a cidade implementou a modalidade de forma pioneira no Brasil.
Redução de desigualdades sociais
Os diferentes níveis de absorção de conhecimento passam, necessariamente, pelos diferentes perfis socioeconômicos e raciais dos alunos, segundo Kátia Schweickardt, secretária de Educação Básica, uma das autoridades presentes no evento. Ela afirma que “as deficiências educacionais do Brasil atingem mais estudantes de menor renda e de pele preta.”
A pandemia e o Ensino Remoto intensificaram ainda mais as diferenças sociais com impacto na aprendizagem. A dificuldade enfrentada por alunos e professores aparece já nos anos iniciais de formação. Esse quadro remonta à importância do acompanhamento no ensino básico para que os alunos possam avançar para etapas mais complexas.
Isso é possível por meio de projetos de tutoria e aulas de reforço, segundo Tiago Bartholo, pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio (UFRJ), que participou das discussões no Fórum.
Formação e capacitação de professores
Luiz Miguel Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), afirma durante o evento que, na formação acadêmica inicial de educadores, é preciso que a prática seja um elemento central da atuação. De acordo com ele, é cada vez mais comum que professores em formação desconheçam a realidade das salas de aula.
A função do professor na retomada pós-pandemia se ampliou, já que agora eles precisam auxiliar estudantes em diferentes estágios de formação e carentes de conhecimentos que já deveriam ter desenvolvido. Nesse sentido, é preciso que educadores se voltem às etapas mais básicas da alfabetização, como forma de complementar o trabalho feito por aqueles que lecionam disciplinas mais específicas.
Em contextos como esses, a formação continuada docente é um caminho para que professores estejam aptos a enfrentar os diferentes.
Cultura democrática nas escolas
De acordo com Lucia Cristina Cortez de Barros Santos, diretora da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, de Manaus (AM), somente o trabalho conjunto entre quem, efetivamente, forma a escola é capaz de reconstruir a educação pública brasileira. Por isso, é importante promover uma cultura democrática entre professores, alunos, responsáveis e toda a comunidade escolar. “Humanizar a escola foi o que fizemos para transformar a educação”, reforça a professora, a partir de sua experiência.
Ações como essas, apresentadas durante o Fórum Reconstrução da Educação, são saídas para contextualizar a aprendizagem na realidade dos jovens, ligando-a a aspectos da sua vida.
Telma Vinha, professora da Faculdade de Educação da Unicamp, acredita que além da necessidade de recompor aprendizagens, os alunos precisam reaprender a conviver a partir do ambiente coletivo que é a escola. Ela afirma: “Precisamos de políticas públicas que não sejam pacotes prontos, mas que atinjam o chão da escola”.
Você pode assistir na íntegra o evento, que aconteceu no final de maio, no Museu do Ipiranga, em São Paulo. Acesse o canal do Youtube do Estadão.
3 cursos voltados à recomposição de aprendizagem
|
Comentários - 6
22/06/23 12:58
11/07/23 21:22
18/07/23 19:15
20/07/23 17:36
13/08/23 19:07
17/06/23 22:07