
Competências Digitais na prática: projeto usa IA para apoiar a fluência leitora de estudantes
Cursos “Competências Digitais em Língua Portuguesa” para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio estão com inscrições abertas
Durante a jornada de alfabetização, um estudante lê um texto e tem a sua fluência literária avaliada. A quantidade de palavras faladas por minuto, os fonemas de enrosco e o deleite de leitura são alguns dos aspectos observados pelo professor. Pode parecer complicado – e realmente é –, mas um novo elemento começa a ser utilizado para simplificar o trabalho dos docentes nesse processo: a Inteligência Artificial (IA).
É o caso de Roberta Taffarello, educadora do Centro de Educação Infantil (CEI) Pedrinho, localizada em Vinhedo (SP), e Iolanda França, professora de Tecnologias do Núcleo de Atendimento Fraterno (NAF) Casa do Caminho, em Sorocaba (SP), autoras do projeto “Potencializando a Leitura com Inteligência Artificial”.
Com foco em alunos do Ensino Fundamental que não estão alfabetizados na idade certa, a iniciativa utiliza a IA em conjunto com outras ferramentas do Google Workspace. “Cada uma delas individualmente já traria bons resultados. Porém, a articulação de todas nos revelou o grande potencial da IA na educação”, afirma Roberta, que também integra a Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa (RBAC).
Em seu primeiro ano, o projeto envolveu alunos de 7 a 14 anos, e também houve um recorte de público dedicado a pessoas com deficiência. As professoras se surpreenderam positivamente ao constatar que um aluno autista demonstrou desenvoltura e velocidade na leitura de uma história com letras minúsculas de imprensa, algo que ele não havia apresentado antes. “As evidências nos ajudam a decidir qual área tem que ser estimulada para que os alunos avancem cada vez mais e tenham uma fluência melhor, em textos mais longos, mais complexos”, aponta Roberta.
A articulação das ferramentas
O Read Along é um aplicativo de leitura guiada que utiliza a IA para acompanhar as palavras lidas pelo estudante e identificar os pontos fortes e os que precisam ser melhorados no desempenho da leitura. A plataforma oferece alguns livros para diferentes níveis de dificuldade e também fornece feedback personalizado e instantâneo aos alunos. “O seu design gamificado torna o processo de leitura e avaliação divertido e engajador para o estudante”, observa a educadora.
O aplicativo permite ainda a criação de grupos focais, para reunir determinados alunos de acordo com a fluência leitora. “Também é necessário que o professor estude e conheça o catálogo de livros disponibilizados, para que escolha uma obra que se adeque, seja estimulante e traga engajamento para que os alunos se interessem pela leitura”, aponta Roberta.
Na hora de analisar as informações obtidas das leituras, são utilizadas duas plataformas: Google Classroom e Google Sheets. “Elas nos possibilitam ver as informações dos alunos de forma organizada e traçar estratégias de intervenção. Com esses dados, pudemos elaborar planos de atividades para ajudá-los a avançar em seus respectivos níveis de fluência leitora.”
Por fim, o projeto contou com a assistência de uma ferramenta de IA: o Gemini, que está presente no Read Along e dá apoio ao estudante tanto na leitura de uma frase ou na pronúncia correta de determinadas palavras. O assistente virtual também é utilizado na preparação de atividades complementares.
“Com prompts bem estruturados, elaboramos uma atividade diferente para cada estudante em pouco tempo e com um nível de qualidade muito alto”, conta Roberta. “A intenção é que esses exercícios sejam aplicados e depois nós possamos repetir o processo de leitura e avaliação dos estudantes, para entender os efeitos causados no seu desempenho.”
IA para equidade na educação
Segundo as professoras, após a implementação do projeto, os alunos demonstraram maior engajamento nas atividades de leitura e um interesse em continuar acessando a plataforma. O impacto na prática pedagógica também é evidente: a coleta de dados permitiu identificar as dificuldades individuais de cada estudante, possibilitando a criação de planos de estudo personalizados em um tempo otimizado.
“Um dos aspectos mais gratificantes do projeto foi perceber como a IA pode contribuir para a equidade educacional. Ao personalizar o ensino e identificar as dificuldades individuais, podemos oferecer o suporte necessário para que todos tenham a oportunidade de desenvolver suas habilidades de leitura”, analisa Roberta.
Essa é mais uma iniciativa que mostra como o futuro da IA na educação é promissor. No entanto, a educadora lembra que é fundamental que a utilização dessas tecnologias seja acompanhada de uma formação adequada dos professores e de incentivos constantes. “Ao capacitar os educadores, podemos garantir que a IA seja utilizada de forma ética e eficaz para promover a aprendizagem dos estudantes”, declara.
“Enquanto professora, a iniciativa me trouxe mais convicção de que a tecnologia é uma forma de oferecer oportunidades para um aprendizado mais inclusivo, mais acessível, mais democrático, mais engajador e – por que não? – mais divertido. Esse entendimento mudou muito a minha prática pedagógica”, finaliza.
Curso “Competências Digitais em Língua Portuguesa”
Para além da IA, os professores de Língua Portuguesa podem contar com outras ferramentas digitais para impulsionar suas práticas pedagógicas e melhorar o engajamento dos estudantes. É o que os cursos “Competências Digitais em Língua Portuguesa” mostram de forma gratuita e on-line.
Para os professores dos anos finais do Ensino Fundamental, a formação ajuda a usar tecnologias digitais para coletar evidências de aprendizagem e avaliação. Eles aprenderão a criar portfólios e documentar o aprendizado dos alunos. Saiba mais sobre o curso aqui.
Já para o Ensino Médio, a formação auxilia professores a usar tecnologias digitais de forma crítica e eficaz, seguindo as diretrizes da BNCC. Eles aprenderão a usar ferramentas digitais emergentes, como a IA, e metodologias ativas, como a sala de aula invertida, além de planejar experiências de aprendizagem ativa, que incentivam a autonomia dos estudantes e promovem o engajamento. Saiba mais sobre o curso aqui.
22/04/25 08:03