
Educadora produz animação em sala de aula para conscientizar a turma sobre o HPV
Uma cena se tornou comum na rotina da educadora Elaine Soares: ao terminar sua aula, um estudante esperava a turma sair para conversar a sós com a educadora. O assunto era sempre o mesmo: as infecções sexualmente transmissíveis (IST), um tema que ainda é tabu para muitos jovens e suas famílias.
Elaine é professora de ciências do CIEP (Centro Integrado de Educação Pública) 388 Lasar Segall, localizado em Belford Roxo (RJ). Ao conversar e perceber a insegurança dos jovens diante de uma questão fundamental como a vacinação contra o HPV – vírus responsável pela IST mais frequente no mundo –, ela não titubeou: além de abordar o tema em sua aula, era preciso divulgar a importância dessa campanha de vacinação para toda a comunidade escolar.
Foi então que, no segundo semestre de 2024, iniciou com sua turma de primeiro ano do ensino médio um trabalho de divulgação científica do esquema vacinal contra o HPV. A intenção era “dar leveza a um tema relevante”, segundo Elaine, ao mesmo tempo em que tratava como prioridade a saúde dos estudantes. E, para cumprir esse objetivo, ela contou com os aprendizados adquiridos na imersão Ferramentas Digitais na Prática para Professores, curso gratuito da plataforma Escolas Conectadas, que está com inscrições abertas desde o dia 06/01.
Aprendizados e conexão com a prática
“Os cursos da plataforma trazem para a gente visões diferentes, e sempre aprendemos algo. Quando recebi o link da imersão, na hora eu pensei: com certeza vou aprender algo aqui”, relembra a educadora. E não deu outra: ela assistiu todas as aulas, fez anotações, elaborou resumos e acessou todos os recursos digitais apresentados, como o Canva e o Adobe Express.
E, como todo bom educador, aplicou esses novos conhecimentos em sua própria prática pedagógica. “Tenho pouco tempo para aprofundar temas com os estudantes, e para produzir conteúdos precisa ser algo automático e instrucional”, pondera. Ela sempre teve vontade de produzir animações com eles, e conhecer o Adobe Express foi importante para tirar esse desejo do papel. “Achei uma ferramenta simples, que permitiu que os estudantes fossem protagonistas do seu processo de aprendizagem, e também que pudessem espalhar esse conteúdo em suas próprias redes sociais”, reflete Elaine.
Apropriação do conhecimento científico
A animação foi o resultado final de um longo processo de aprendizagem. Para promover a campanha de vacinação e conscientizar sobre a importância de se proteger contra o HPV, a professora utilizou o Arco de Maguerez, uma metodologia ativa de problematização que possibilita a interação entre estudantes e professores. Ela é constituída por cinco etapas: observação da realidade e definição do problema, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade.
“Abordamos um problema real”, afirma a educadora, lembrando de um caso ocorrido em Bertioga (SP) em 2014, quando foi lançada a campanha contra o HPV, no qual 10 garotas foram hospitalizadas após terem reações à vacina. “Criou-se então uma fake news e um exagero muito grande devido ao medo da vacina, além de discurso negativo.” Ela complementa citando ainda que Belford Roxo é uma das cidades com o maior índice de notificações de casos de AIDS, que também é uma IST.
Para reverter os danos causados por essa situação ocorrida uma década atrás e facilitar a adesão dos jovens, a nova campanha de vacinação – realizada gratuitamente pelo SUS e direcionada a meninas e meninos de 9 a 14 anos – agora conta com esquema de dose única. “A vacina nos protege desde que viemos ao mundo. É fundamental que aconteça a apropriação de conhecimento científico para a vida desses jovens, já que muitas vezes é algo de difícil linguagem e acesso”, observa.
Prática com impacto social
Na culminância do projeto, os estudantes produziram cartazes com os conhecimentos acumulados em todos os debates e pesquisas que realizaram. Eles foram afixados na entrada da escola, no local onde estavam sendo feitas as matrículas para o ano seguinte. Já a animação, que você assiste a seguir, foi publicada nas redes sociais da escola, “para que tenha um alcance maior do que dentro de sala de aula, fazendo com que essa informação nova chegue à comunidade.”
Ao assistir o resultado da animação, Elaine afirma ter se emocionado. “A escolha que os jovens fazem hoje reverbera por toda a sua vida. Eu tenho a preocupação de ser significativa para a vida dos meus estudantes, ninguém vai me tirar a alegria de fazer o que faço, minha prática tem que ter impacto na vida do outro”, reflete.
Por fim, essa prática pedagógica foi tão rica que vai virar um artigo científico, a ser publicado pelo PROFBIO (Curso de Mestrado Profissional em Rede em Ensino de Biologia) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). “Falarei sobre como usamos novas estratégias para tratar de assuntos importantes, trabalhando abordagem metodológica com ferramentas digitais”, revela Elaine. “E a imersão me ensinou esse caminho, passo a passo, como fazer. Indiquei o Escolas Conectadas para as minhas colegas de pós-graduação, que ficaram em choque quando mostrei a animação.”
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