Webinário ajuda professores e estudantes a utilizar a internet de forma segura e saudável
Evento discutiu temas como desinformação e saúde mental no ambiente digital
Segundo a pesquisa TIC Kids Online 2024, lançada em outubro, 93% dos brasileiros de 9 a 17 anos são usuários de internet. Desse total, nada menos que 98% acessam a rede por meio do aparelho celular.
Nesse cenário, é fundamental que a escola apoie essas crianças e adolescentes a construir uma relação segura e saudável com a tecnologia. Em uma realidade na qual tudo o que acontece no mundo digital tem um impacto no mundo real, é cada vez mais necessário que os educadores ajudem a resgatar a atenção dos estudantes e promovam um uso mais equilibrado da internet.
Para se aprofundar nessa importante temática, foi realizado o webinário "O que todo professor precisa saber sobre segurança na internet", que contou com a participação de Guilherme Alves, gerente de projetos na Safernet Brasil, e de Yuri Norberto, professor de sociologia do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, de Aracaju (SE), além de Dênis Rodrigues, coordenador-geral de Proteção de Direitos na Secretaria de Políticas Digitais, órgão vinculado à Secretaria de Comunicação Social (SECOM) da presidência da república. A mediação foi de Karina Pimentel, responsável pela área de Formação de Docentes a Distância da Fundação Telefônica Vivo.
O evento foi uma ação de lançamento do curso “Bem-estar, saúde mental e desinformação on-line: aprofundando habilidades de cidadania digital”, que capacita educadores a trabalhar, de forma prática, temas fundamentais como cidadania digital, saúde mental e combate à desinformação. A formação é totalmente gratuita e tem carga horária de 20 horas, com certificação pelo Centro Universitário Ítalo Brasileiro. As inscrições estão abertas até o dia 30/11.
Uso seguro da internet: um compromisso nacional
Representando o governo federal, Dênis Rodrigues revelou que a SECOM está prestes a lançar um Guia sobre Uso Consciente de Telas e Dispositivos Digitais por Crianças e Adolescentes. Além de recomendações gerais sobre o tema, o documento trará uma posição oficial do poder público sobre o tema, baseado tanto em evidências científicas como nas melhores práticas internacionais.
“Essa realidade precisa ser enfrentada com uma posição do Estado brasileiro. Nos últimos anos, diversos dados evidenciam o aumento de distúrbios entre crianças e adolescentes ligados à saúde mental, ansiedade, depressão, autolesões e suicídios. Além disso, há questões de saúde física como sobrepeso, miopia e sedentarismo. E o ambiente digital faz com que esses riscos aumentem”, observa Dênis.
O Guia foi elaborado a partir de uma consulta pública por meio da plataforma Mais Brasil, que ouviu a posição da sociedade sobre o tema. Segundo o coordenador-geral, crianças e adolescentes também foram escutados no processo.
“Há muitos adultos adoecendo também, mas as crianças e adolescentes estão em uma situação de mais fragilidade por ainda estarem em desenvolvimento. Para além de problemas de saúde, vemos também problemas de relacionamentos dentro das famílias, das escolas, de adolescentes com seus próprios amigos, tudo isso por não conseguirem se relacionar bem com o mundo digital”, reflete. “Precisamos de uma jornada nacional de conscientização sobre esse tema. Sem isso a gente não conseguirá reagir.”
Detox digital
Essa conscientização evocada por Dênis passa por um estímulo ao uso saudável e seguro do ambiente digital. Em sua apresentação, Guilherme Alves falou sobre os principais desafios relacionados a esse processo, tanto por professores quanto por estudantes. Gerente de projetos na SaferNet Brasil, organização que idealizou o curso ao lado da Fundação Telefônica Vivo, Guilherme coordena iniciativas para o uso seguro, crítico, responsável e positivo da internet e das tecnologias.
“Estamos falando de uma questão sistêmica, que não envolve apenas a nossa vontade pessoal ou algo pontual em uma escola. Não se sintam sozinhos, estamos todos juntos embarcados nesse contexto desafiador”, pontua.
Há desafios relevantes, como o gerenciamento do tempo de tela, o design manipulativo das redes sociais e a educação midiática. Nesse cenário, o especialista sugeriu algumas dicas para reduzir os danos do mundo virtual, como criar rotinas de pausas dos dispositivos conectados; realizar uma faxina digital, deixando de seguir perfis nocivos; e obter uma maior clareza sobre o tempo dedicado aos seus perfis profissionais e pessoais.
“Sabemos que os professores são demandados para estar no ambiente online, mas é necessário se organizar para que isso aconteça durante a sua jornada de trabalho”, sugere. “Não queremos criar mais demandas para os educadores, mas sim dar uma oportunidade para que possam modificar para melhor a sua própria rotina, e a partir disso impactar a rotina dos seus estudantes.”
Projeto de combate à desinformação
Além de refletir de forma crítica sobre a sua presença digital, também é importante que o professor ajude os estudantes a identificar e checar informações falsas. Para isso, o professor Yiri Noberto elaborou o Observatório Internacional da Notícia, projeto interdisciplinar de educação midiática que combate a desinformação e os discursos de ódio nas redes sociais.
Durante o webinário, ele sublinhou o fato de que informações falsas se disseminam mais rápido que as verdadeiras, além de despertarem os instintos mais primitivos das pessoas. “Qual o impacto disso na vida dos adolescentes?”, questiona. “Buscando uma resposta para essa pergunta, fiquei extremamente perturbado com o quanto essa realidade influencia na rotina deles.”
A partir desse momento, Yuri recorreu à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para se orientar sobre quais habilidades e competências poderiam ser desenvolvidas com um projeto de educação midiática. Dessa forma, o Observatório Internacional da Notícia oferece formação teórica, ensinando o que é um conteúdo falso, e também prática, estimulando os estudantes a refletirem criticamente e assimilarem aquela informação.
“Esse processo de assimilação os levou a entender o quanto aquilo impactava as suas vidas, se sentindo mais ansiosos, menos confiantes, ou acreditando em determinadas teorias. Quando entenderam o quanto a desinformação impactava seus processos de ensino e aprendizagem, passaram a ser multiplicadores do projeto”. Leia aqui uma entrevista com Yuri Norberto.
Para ressaltar a importância e atualidade desse projeto, Karina citou uma pesquisa recente do Instituto Locomotiva, que mostrou que nove entre cada 10 brasileiros admitem já ter acreditado em uma notícia falsa. “Quem navega na rede sabe que ela está inundada de desinformação”, pontua Karina.
Mapa de bem-estar digital e equilíbrio
Aos professores que permaneceram até o final do webinário, foi disponibilizado gratuitamente o “Mapa de bem-estar digital e equilíbrio”, uma ferramenta prática que promove o autoconhecimento e apoia os educadores a estabelecerem metas para um uso mais consciente das tecnologias digitais.
Além de ter a intenção de explorar boas práticas de segurança digital, a ferramenta oferece instrumentos para serem aplicados na rotina escolar. Durante o webinário, inclusive, Guilherme Alves mostrou como fazer para ter controle sobre as notificações do celular (uma das dicas sugeridas no mapa).
Se você ainda não assistiu ao webinário, não perca a chance de se aprofundar nesse tema tão atual! Ele está disponível no YouTube. Ao assistir até o final, você poderá baixar o mapa e também um certificado de participação.
E se você quiser se aprofundar ainda mais na temática, sugerimos que se inscreva agora mesmo no curso “Bem-estar, saúde mental e desinformação on-line: aprofundando habilidades de cidadania digital”. É totalmente gratuito e te capacitará para lidar com esses desafios, garantindo mais uma certificação antes de 2025. Não termine o ano sem dominar essas questões!
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