Em busca de igualdade: a importância de atrair meninas para a Ciência desde cedo
Por que ainda é comum que meninos sonhem com ser astronautas e meninas sonhem com ser bailarinas? Os estereótipos de gêneros são assimilados desde muito cedo e, embora não haja absolutamente nada de errado com meninas que desejam dançar, é preocupante que, na idade adulta, as mulheres se afastem das carreiras na Ciência, mesmo quando, conforme pesquisa realizada pela Universidade de New Brunswick, elas demonstram consistentes melhores resultados acadêmicos que os rapazes, inclusive nas disciplinas científicas.
Com o objetivo de transformar esse cenário, celebra-se no dia 11 de fevereiro o Dia internacional das mulheres e meninas na Ciência. A busca por mais igualdade, porém, não só é um trabalho constante, como deve começar cedo.
Aos cinco anos, as meninas ainda acreditam que são tão capazes e têm tanto potencial quanto os meninos. Mas, aos seis, elas já começam a demonstrar crenças sexistas. É o que concluiu o estudo norte-americano conduzido pela psicóloga Lian Bian, que reunia crianças e contava uma história sobre uma pessoa muito, muito inteligente e de pensamento rápido. Depois, ela exibia fotos de quatro pessoas: duas mulheres e dois homens. Pedia então às crianças que adivinhassem quem era a pessoa muito, muito esperta. No teste com crianças de cinco anos, meninas votam em mulheres e meninos votam em homens. Aos seis anos, as respostas mudam, e os homens passam a sempre receber mais votos para o posto de pessoa muito, muito esperta.
Professores fazem toda a diferença: o caso do Scratch
Por isso, é fundamental que professores de toda a Educação Básica dediquem uma atenção especial ao desenvolvimento do pensamento científico.
Há muitos métodos para envolver os alunos em aula e torná-los agentes ativos na produção de conhecimento. A ferramenta Scratch tem se mostrado uma grande aliada na sala de aula para aproximar jovens estudantes das linguagens de programação, estimulando o pensamento criativo, lógico e analítico.
A educadora Priscila Pereira Paschoa, por exemplo, ingressou na Plataforma Escolas Conectadas e colocou a mão na massa desenvolvendo um jogo como forma de incentivar os alunos a criarem os seus próprios. "É importante possibilitar na escola a aprendizagem de ferramentas digitais", diz a professora, inventora do jogo Ajude o cachorrinho Luli a encontrar o caminho de volta para casa. Os alunos depois criaram jogos conforme sua vontade, e a professora comenta que alunos de ambos os sexos manifestaram interesse nas áreas de programação e de animação. "Percebi que não houve diferença na participação de meninos e meninas, o que faz diferença é o incentivo da professora e as condições socioeconômicas dos estudantes, pois há muitos que nem celular têm e isso, sim, é que constitui o problema maior". Para ela, fica evidente que "as mulheres têm a mesma capacidade que os homens, não importa a área do conhecimento em que atuem".
O Scratch possibilita a participação de crianças de todas as idades. Também na Plataforma Escolas Conectadas, a professora Suely Alves Fernandes Corso utiliza tanto o Scratch quanto o Scratch Júnior, a depender do nível da turma. "A interface facilita o entendimento dos blocos pelos alunos não alfabéticos", conta a professora, comprovando que nunca é cedo demais para inserir os alunos na cultura digital. Ela incentiva o uso livre da ferramenta, transformando alunos em autores. "Tanto meninas quanto meninos têm bastante interesse em realizar a programação. Os níveis de dificuldade variam de acordo com a faixa etária, mas as crianças gostam muito e, independente do sexo, conseguem se virar muito bem", conclui Suely.
O futuro das mulheres na CIência
Enquanto os relatos dão conta de que nas escolas o nível de interesse e participação das meninas na ciência está alto, ainda é necessário tornar o Ensino Superior mais acolhedor para as mulheres. Segundo dados da Unesco, apenas 30% dos cientistas do mundo são do sexo feminino.
Não por acaso, as questões relacionadas à participação das mulheres nas profissões científicas vêm ganhando atenção. Os desafios enfrentados pelas mulheres nessa área já são compreendidos como prejudiciais não apenas a elas, mas à própria produção de conhecimento. Grupos diversos chegam a perguntas melhores e ganham mais perspectiva sobre os resultados: a revista Nature já publicou uma edição inteira dedicada às vantagens da presença de grupos minoritários em centros de pesquisa.
Foi pensando em mostrar como a trajetória das mulheres na ciência é impactada por questões de gênero que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul produziu em 2021 o podcast A Ciência como ela é: A saga de Carlota. Em formato de audionovela, o podcast narra a história ficcional de uma estudante universitária de Física, que, além de se dedicar à pesquisa, precisa enfrentar a resistência dos colegas, assédios de um professor e cobranças na vida pessoal.
Felizmente, como os depoimentos de professoras vêm demonstrando, esse cenário já está mudando. Se depender das meninas de hoje, que contam com o apoio de educadores conscientes e exploram ferramentas digitais desde cedo, um futuro mais igualitário está em construção.
Você pode começar a transformação na sua própria escola. Confira os cursos da Plataforma Escolas Conectadas que convidam estudantes a levantar hipóteses, testar ideias e resolver problemas com apoio do pensamento científico e computacional:
O pulo do gato: criando jogos e animações com Scratch
Ensinando o computador: da lógica da programação para a lógica da aprendizagem
Se meu computador pensasse: uma correlação entre a lógica computacional e os problemas do dia a dia
Eu, robô! Primeiros passos com a robótica sustentável
Olá, mundo! Lógica de programação e autoria
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